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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Adeus.


Hoje, uma tia minha morreu. Ela já vinha bem doente, mas mesmo assim, sua morte foi uma surpresa pra mim... "poxa, Tia Carminha é imortal!", eu pensei. Vou explicar o porquê disso: ela já superou dois cânceres e muitos períodos de doenças, que, inclusive, deixaram seqüelas. Mas ela sempre saía, nem sempre ilesa, mas viva. Eu não convivi muito com ela, mas ela deixou memórias fortes, assim como a própria.

Enfim, estou escrevendo isso porque passei por uma situação estranha. No velório, ao me deparar com seu corpo no caixão, de sentir sua pele gélida, ao mesmo tempo que meus olhos marejaram, eu sorri. E fiquei sorrindo olhando pra ela. Depois pensei: "nossa, vão pensar que sou insensível ou algo do tipo". Daí, comecei a pensar o motivo do meu riso. Lembrei-me que foi essa minha tia quem fez meu vestido de formatura do antigo 2º grau, hoje, ensino médio. Lembrei também da imagem dela, uma senhora magrinha de dar agonia (sua estrutura aliada ao bombardeio de doenças e remédios) mas com um olho extremamente vivo, voz estridente e um sorrisão estampado no rosto. Também me veio à memória o fato de que ela realizou seu maior sonho, conhecer a França, depois dos cânceres, sessões devastadoras de quimioterapia/radioterapia, e outras coisas que poderiam atrapalhar sua disposição. Aliás, ela sempre alternava estadias em hospitais com viagens de visitas aos parentes espalhados por aí e, claro, um pouco de turismo, porque ninguém é de ferro! Nem ela!

Então eu descobri a razão do meu sorriso. O legado que uma pessoa pode deixar são as emoções que ela provoca nas pessoas que a rodeia. Tá certo que tem gente que parece que vem com uma missão especial, tipo, identificar a força da gravidade ou a cura para alguma doença. Mas para nós, pessoas "normais", podemos conseguir um pouco da imortalidade (sem pensar na questão religiosa ou científica) através dos sentimentos que despertamos nos outros e que serão revividos e relembrados por segundos, minutos, ou até anos. Ficamos na memória das pessoas. Como são importantes as nossas relações inter-pessoais! Fico pensando, agora levada por minha fé, no que Jesus disse sobre o resumo da Lei, ou seja, a síntese dos 10 mandamentos, a questão mais importante, que era "Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo". Talvez não seja só um conselho religioso para alcançar graça aos olhos do Pai ou a vida eterna, tampouco uma regra de moral ou boa conduta social. Quem sabe não é uma parte integrante da imortalidade?

Para encerrar, vou colocar um trecho de uma música do Elton John, a "Your Song" (tadinho dele, parece que tem vocação para trilha sonora fúnebre), que gosto muito e que gostaria de que, quando chegar a minha hora, as pessoas lembrassem de mim assim:

I hope you don't mind
I hope you don't mind

That I put down in words
How wonderful life is

While you're in the world




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